As
maneiras de
fomentar o
empreendedorismo, a
relevâ
ncia da articulação entre instituições e a importâ
ncia da sinergia das ações para o
desenvolvimento local
estiveram no
centro das discussões da segunda mesa do
seminário Desenvolvimento sustentável em
áreas metropolitanas:
instrumentos de
fomento e
governança territorial. O
evento foi promovido pelo Fundo Zona Leste Sustentável, em
parceria com
Fundação Tide
Setubal e
Universidade Cruzeiro do
Sul, no
dia 17 de
agosto,
na capital
paulista.
O
primeiro expositor desta sessão
foi Nilton Castro Barbosa, gerente do Sebrae-SP, que discorreu sobre a visão de
desenvolvimento. “Ele é o resultado
da articulação de diferentes elementos, como cultura empreendedora, capital humano, capital social e capital produtivo”. Com esta crença, o
Sebrae trabalha no apoio ao empreendedor e às micro e pequenas empresas, investindo no capital humano
para o fortalecimento dos negócios.
Barbosa reforçou também que,
para facilitar o processo de
desenvolvimento das empresas e do
empreendedorismo, não é possível atuar de forma isolada ou focando somente em um ponto específico. “É preciso esforços em três direções: melhoria
da empresa; do setor produtivo; e do ambiente
para o negócio. Para isso, é fundamental o
trabalho em rede, tanto de empresas, de atores que ajudem as iniciativas produtivas e de outros setores”, concluiu.
Articulação na zona leste
Na sequência,
foi apresentada a experiência do
Fundo Zona Leste Sustentável. “O
Fundo é uma construção coletiva, que envolve os três setores e lideranças locais. Somos apenas uma peça no grande quebra-cabeças
para o
desenvolvimento local
sustentável da zona leste”, enfatizou Gabriel Ligabue, consultor
da iniciativa.
Ligabue também descreveu a área de abrangência do
Fundo: a zona leste 2, especialmente São Miguel, Itaim Paulista e Ermelino Matarazzo, uma região bastante heterogênea
na divisa com Guarulhos. “O cenário
da economia local é o seguinte: grande concentração de redes varejistas, iniciativas informais e uma base consumidora que gera recursos destinados
para outras regiões”.
Diante deste panorama, o papel ZL
Sustentável está calcado em 4 Is: investir; integrar, inovar e irradiar. “Além do apoio ao fortalecimento do
empreendedorismo local, integramos e articulamos diferentes parceiros,
para favorecer a
sinergia de
ações no território”. Há ainda preocupação em apoiar projetos inovadores
para localidade, bem como mobilizar recursos de pessoas físicas e jurídicas
para aplicá-los em prol
da melhoria
da região.
O escopo de atuação do
Fundo prevê ainda o
fomento a atividades sustentáveis e inclusivas, por meio do apoio técnico e financeiro ao empreendedor e também
da indução de cadeias produtivas locais,
para geração de
desenvolvimento econômico. “Portanto, o que diferencia o
Fundo do microcrédito é que conjuga os quatro fatores.
Não é só uma aplicação de recursos financeiros”, ressaltou Ligabue.
Segundo o consultor, os próximos desafios são: construção de um plano de longo prazo de captação de recursos; implantação de uma incubadora
para as empresas; implementação de um observatório
para coleta e análise de dados locais e abertura de canais com entidades
para facilitar o acesso a novos mercados aos empreendedores. “Objetivamos também aprofundar o papel do Comitê Programático
para ser um fórum de discussão sobre
desenvolvimento local”.
Cases de microcrédito
Outro case exposto
foi o do Banco do Povo. Trata-se de um programa de microcrédito produtivo, desenvolvido
pelo governo do
Estado de São Paulo e
Secretaria do Emprego e Relações de Trabalho, em
parceria com as prefeituras paulistas. Presente em 455 municípios, oferece crédito no valor de R$ 200 a R$ 7 mil a empreendimentos formais e informais com faturamento anual de até R$ 240 mil,
para capital de giro, abertura do negócio ou formalização.
Em 12 anos de atuação, já emprestou cerca de R$ 800 milhões, em 250 operações, registrando inadimplência de menos de 2%. De acordo com Antônio Sebastião Teixeira Mendonça, diretor executivo
da iniciativa, além do crédito, o programa investe
na capacitação dos empreendedores por meio de cursos à distâ
ncia sobre gestão. “Vale a pena acreditar no empreendedor. É também um compromisso público com a cidadania”.
Marcos Cintra, secretário municipal de
Desenvolvimento Econômico e Trabalho
da Prefeitura de São Paulo, relatou a experiência do São Paulo Confia, agência de microcrédito
da capital, que tem qualificação de Oscip (Organização
da Sociedade Civil de Interesse Público), sendo a prefeitura a maior detentora do capital acionário.
Diferentemente do Banco do Povo, a agência concede apenas o crédito solidário, ou seja, a um conjunto de proponentes, composto por 3 a 10 empreendedores. O limite máximo de crédito é de R$ 15 mil. De 2009 a 2011, o São Paulo Confia realizou 55 mil operações, sendo 40% só
na zona leste
da capital. A carteira de empréstimo neste período
foi de cerca de R$ 101 milhões.
O secretário apontou que o
Fundo ZL
Sustentável tem um caráter estratégico de tocar em pontos nevrálgicos que podem dar início a um processo de
desenvolvimento local, o qual se irradiará, provocando um crescimento
sustentável na região leste. Ele concluiu sua exposição parabenizando a organização do
seminário. “Estou impressionado com a riqueza de abordagens sobre o tema e com a multiplicidade de
instrumentos de ação
para o
desenvolvimento local. Elas são formas diferentes, mas que se complementam”, disse Cintra.
Nos debates finais, reforçou-se a necessidade
da governança dos atores locais em qualquer processo de
desenvolvimento local;
da constâ
ncia nas relações e nos propósitos dos envolvidos;
da sensibilização
das comunidades; e de um
trabalho de longo prazo
para se democratizar, de fato, recursos e
oportunidades.